ENTREVISTA
Visita ao novo Museu
MAAT – Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia
A alguns dias da inauguração do novo Museu de Arte Arquitectura e Tecnologia (MAAT), falámos com a arquitecta que o projectou, Amanda Levete, sobre o edifício e o processo de concepção. Com ela estava Maximiliano Arrocet, director do projecto do atelier AL_A (Amanda Levete_Arquitectos).
Enquanto nos recostamos no ferry que nos leva em passeio à frente do museu, a luz límpida da manhã quase outonal destaca a frente clara do alongado talude que é o edifício, expondo a sua presença deste lado da margem. Ao subirmos o rio torna-se evidente a escala do edifício em justaposição à Central Tejo, ao fundo, em inequívoco contraste com a presença inconspícua a partir de terra.
Traços singulares de projecto distinguem o edifício do cenário circundante, que engloba várias épocas de linguagem arquitectónica. Uma incisão abre e dobra a superfície e forma um arco superior de aresta viva que cria uma sombra modulada e anuncia um espaço de encontro exterior e a entrada para o edifício.
A arquiteta britânica conta-nos da sua primeira visita ao sítio e como a arrebatadora luz lisboeta, de sul da Europa, reflectida na água, foi fundamental na concepção do projecto, e no desenvolvimento do mosaico branco de cerâmica vitrificada que aspira a replicar esse efeito ondulante na fachada do edifício.
Outro aspecto particular do sítio, estruturante na direcção do projecto, é a acentuada divisão entre a cidade em si e o passeio da frente de rio. Encarando o projecto como uma oportunidade para rectificar a ligação a Belém, os espaços exteriores do museu são assumidos como extensão do espaço público. A cobertura é inclinada na direcção da cidade, em jeito de topografia, convidando quem passa até ao ponto mirante ao cimo. Daqui pode chegar-se à frente ribeirinha ora caminhando em volta em direcção a este, ou descendo a rampa que é cortada à estrutura suspensa, e ao longo da superfície vidrada da entrada para as galerias. O plano geral do campus inclui também uma ponte pedestre a partir da cobertura e que atravessa a estrada e a linha, a ser completada num futuro próximo.
Esta abordagem ao projecto serve também a estratégia de salvaguardar a Central Tejo como ponto de referência do campus. Para manter a cércea ao mínimo, e simultaneamente acomodar os pés-direitos das galerias, os espaços técnicos e estrutura suspensa, o piso do museu é afundado para cerca do nível médio da água, abaixo do piso da entrada.
Uma visita ao interior inicia-se olhando de cima para a galeria Oval e descendo ao longo da generosa rampa que a contorna até ao nível principal. O espaço, livre de elementos verticais, tenciona dar continuidade à topografia exterior. A galeria principal, flexível, flui em torno do perímetro dessa elipse central, e dois espaços expositivos de escala menor articulam cada uma das extremidades do eixo principal. ◊